Professora

No escuro da minha mente um menino sorri para mim.
Mas seu sorriso é macabro. Sua boca sangra e ele parece estar rindo de mim.

Quando fecho os olhos tenho as mesmas sensações. Diversas variações de bestas.
Elas parecem brincar mas assustam.
E como não fechar os olhos?

Algumas senhoras, cantavam canções para mim na adolecência.
Elas cantavam,com os mesmos sorrisos.
A cada estrofe, "Norma" minha professora sorria. Era um enigma pra mim.

Entre outras professoras que sorriram, uma me ensinou muito,em muito pouco tempo.
Esta sorria com pureza. Mas ela nunca olhou pra mim.
Esta no entanto tirou tudo de mim.

Ela, "menina", cantava bela e derrepente calou.
Ela, "menina ",sabia o que dizia, e me convencia.
Mas de repente um dia...Calou.

Esta menina que eu conhecia,calou-se um dia, sem nunca ohar pra mim.

No escritorio, tolo e triste,organizei algumas pastas.Nelas continham lembranças.
Estas costumam por tudo em ordem. Por um minuto eu acreditei que tinha controle de alguma coisa.
Eu estava errado. O menino ria de mim...Maldito.


A jovem professora e sua bolsa de segredos...Calou.
A jovem professora que dera sua vida a me ensinar. Hoje cala.
A menina sorridente e meus pesadelos duelaram por um tempo em minha cabeça.
O maldito hoje sorri para mim.
Ela calou-se.

Será que ela substituiu suas palvras e suas canções por silêncio,com o intuito de me ensinar algo mais?
Por que ela me deixou alí com o menino e as mãos vazias?
Será que ela me diria algo mais? "E se ele voltar"? Onde fico?

O menino sangrava e as velhas senhoras dançavam. O sinal tocou. O vidro embaçado, e a chuva no telhado caía. Olhava por entre as frestas,a professora que muito me ensinava partia.
A chuva dos meus olhos e minha velha pasta nas mãos. Eu apertei ela contra o peito com força.
Deus sabe como eu abracei minha pasta naquela tarde triste.

A jovem professora partia calada. Para ensinar-me a ùltima lição.
A lição que eu jamais esqueceria. E na minha velha pasta irei pra sempre guardar!

"Professora,há coisas que eu não quero aprender.A última coisa que aprendi me fez chorar."




Igor Britto