Pesquisar este blog

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dias Cinzas

Uma carta na manga. Um falso sorriso no rosto.
Uma ideia vencida e a gravata pendurada.
Um projeto esquecido e o amargo gosto da descrença.


Reflexo do meu dia cinza. E as cinzas do cigarro sobre minha mesa.
O louco e o carteiro revezam-se em mim.
Uma mescla de saudades e certezas.E um pedaço de qualquer coisa.
Qualquer coisa que habite em mim.

Sinto-me a cada nova manhã um novo homem.
E a cada homem um novo mártir.
Incerto e inconstante. Sobrevivo do pão que me ofertam.
E do ardor do meu sangue.

Nas manhãs destes dias,qualquer alívio é troco.
Nas manhãs destes dias, eu não queria ter nascido.
Nestas eu vejo coisas que não devia.
Pela manhã chega o carteiro..e pela tarde segue o louco.

Não há fuga nestes dias. Não há saída.
Nada do que eu faça ou que diga, a minha dor alivia.
Neste beco esfumaçado guardo minhas relíquias.
Pois não importa onde eu siga...
Estes dias cinzas me perseguem.




"Por mais que você viva e voe alto
E os sorrisos que você vai dar e as lágrimas que vai chorar
E tudo que você toca e tudo que você vê
É tudo que sua vida sempre será

Corra, coelho corra
Cave um buraco, esqueça o sol
E quando afinal o trabalho estiver feito
Não se sente, é hora de cavar mais um

Por mais que você viva e voe alto
Mas somente se você flutuar na maré
E se equilibrar na maior onda
Você só corre para uma sepultura precoce"


Igor Britto

Nenhum comentário:

Postar um comentário